sábado, 29 de março de 2008

Assédio Moral e à saúde...

Até que ponto as emoções estão ligadas à saúde física?

Time

Por Michael D. Lemonick

Se você fechar seus olhos e pensar um pouco sobre o assunto, como os filósofos têm feito por séculos, o mundo da mente parece muito diferente daquele habitado por nossos corpos. O espaço físico dentro de nossas cabeças é infinito e etéreo; parece óbvio que ele deve ser feito de um material diferente daquele de nossos órgãos. Corte o corpo, e sangue jorrará. Mas se cortar o cérebro, pensamentos e emoções não espirrarão na mesa de operação. Amor e raiva não podem ser coletados em um tubo de ensaio para serem pesados e mensurados.

René Descartes, o grande matemático e filósofo do século 17, resumiu esta divisão metafísica no que passou a ser conhecido na filosofia ocidental como dualismo mente-corpo. Muitas tradições místicas orientais, contemplando o mesmo espaço interno, chegaram à conclusão oposta. Elas ensinam que a mente e o corpo pertencem a um contínuo indivisível. No passado, médicos e cientistas tendiam a desprezar tal visão como mistificação, mas quanto mais aprendem sobre o funcionamento interno da mente, mais eles percebem que pelo menos em relação a isso, os místicos estão certos e Descartes estava totalmente errado.

Mente e corpo, concordam agora psicólogos e neurologistas, não são tão diferentes. O cérebro é apenas outro órgão, apesar de mais intricado que os demais. Os pensamentos e emoções que parecem colorir nossa realidade são o resultado de interações eletroquímicas complexas entre e dentro de células nervosas. As vozes desincorporadas da esquizofrenia e os sentimentos de falta de valor e ódio-próprio que acompanham a depressão, apesar de parecerem baseados na realidade, não são mais do que distorções na eletroquímica do cérebro. Os pesquisadores agora estão aprendendo como surgem estas distorções, como atenuar sua severidade e, em alguns casos, como corrigi-las.

Os cientistas também estão aprendendo algo mais. Não apenas a mente é como o restante do corpo, mas o bem-estar de um deles está intimamente ligado ao do outro.

Isto faz sentido porque eles compartilham os mesmos sistemas -nervoso, circulatório, endócrino e imunológico.

O que acontece no pâncreas ou no fígado pode afetar diretamente a função cerebral. As desordens no cérebro, da mesma forma, podem enviar ondas de choque bioquímicas que perturbam o restante do corpo.
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Tradução: George El Khouri Andolfat

Um comentário:

Anônimo disse...

Sofri durante algum tempo assédio moral no trabalho. Como todo profissional que acha que não tem nada a perder, enfrentei os ataques, as humilhações, sem me deixar abater, sem diminuir minha auto-estima. Contudo, a força do poder é muito superior à força mental (ou espiritual, ou cerebral, ou da alma, depende de como cada um acredita ou analisa se há ou não dicotomia entre corpo e mente). No meu caso específico, a "casa caiu" após algum tempo. Não suportei mais os constantes constrangimentos, não pactuei com atos desonestos, e fui colocada à disposição por INSUBORDINAÇÃO, pasmem!
Daí para a depressão químico-dependente foi um pulo. Meses de tratamento psiquiátrico, afastamento do trabalho, a constatação de que você não tem amigos (pois todos desaparecem para não se comprometerem), enfim, minha mente foi vencida pela pressão. A quem recorrer? Quem pode testemunhar a meu favor? Os poderosos continuam em suas funções, rindo de minha derrota psicológica.
O ideal é buscar a ajuda externa mesmo, medicamentosa, terapêutica, familiar.
Há sempre uma janela onde não existe uma porta, diz o ditado, só esqueceram de acrescentar que, para o indivíduo deprimido, esta janela pode ser no décimo andar.